Lembra-se do tempo em que, eletrodomésticos e eletroeletrônicos "duravam" anos, e quando quebravam, você os encaminhava para conserto em alguma assistência técnica e eles poderiam ser reparados por valores até acessíveis, se comparado a comprar um novo?
Tempos bons, não é mesmo?
Por que essa tendência mudou? Por que a indústria tem criado equipamentos tão "descartáveis"?
E por qual motivo o conserto de alguns equipamentos se tornam inviáveis?
Por que tantas atualizações de sistemas, softwares, em um curto espaço de tempo?
Essas perguntas rondam a cabeça tanto dos consumidores, quanto dos técnicos reparadores, e a resposta é "bem vindo(a) a era da obsolescência programada. Uma tendência que gera o consumismo desenfreado de uma maneira "forçada", levando o consumidor a adquirir produtos em um menor espaço de tempo, devido a baixa qualidade deles, ou por atualizações que não se encaixam mais no hardware de um equipamento considerado "ultrapassado" pela indústria.
Antigamente,um celular, notebook ou computador recebia atualizações de software tranquilamente por anos, os usuários compravam já com a intenção de ficar com aquele aparelho por um bom tempo, e só substituir se quebrasse e o conserto não fosse viável ou se aparecesse alguma promoção de um modelo mais recente, onde ele compraria um mais novo e repassaria o "antigo", ainda bem funcional, para um familiar, amigo, ou revendia esse seminovo e outra pessoa compraria para usar tranquilamente. Hoje a coisa já não é tão simples assim, a obsolescência programada veio pra ficar!
Como assim? Vamos dar a nossa visão sobre esse fato, sem gerar muitas polêmicas, afinal, uma assistência técnica falar sobre obsolescência programada, e de alguns equipamentos não serem viáveis para reparo, soa estranho, mas você vai entender onde queremos chegar, e como esse fato mudou completamente o jogo, tanto na realidade do cliente como do prestador de serviços de reparos.
Os fabricantes viram que manter aparelhos "em linha" por anos a fio, sem dar defeitos, receber atualizações por muitos anos, ou algo que não gere recorrência de compra, para a indústria é perder dinheiro. Como assim? Simples! Os fabricantes viram que projetos eletrônicos de custo mais baixo, geram recorrência de compras, ou seja, se lançar um sistema operacional novo, é claro que o "hardware antigo" na visão deles passa a ir ficando obsoleto. você as vezes até atualiza, mas teria que gastar em melhorias, como adição de memória, um SSD, mas o usuário acaba na tendência de marketing das empresas, que acaba sendo mais viável comprar aquele modelo novo, que vai tudo rodar perfeitamente, e que uma atualização desse hardware até iria funcionar, mas... que o novo é melhor
É isso mesmo, os fabricantes não querem que sejam feitas melhorias nesse hardware considerado antigo para eles, aí enquanto isso, sistemas vão sendo aprimorados e tenta-se de todo jeito fazer com que o hardware "não rode 100%". Muitos usuários acreditam que as melhorias realmente não darão resultados, e a indústria vende mais um equipamento novo!
Para o técnico reparador, a manutenção fica mais "difícil", pois as placas eletrônicas recentes, apesar de serem "poderosas", o fabricante dificulta na obtenção de peças de reparo dessas placas, de materiais técnicos, e fora que os projetos eletrônicos em muitas vezes utilizam peças de reposição caras, circuitos cada vez com menos proteções contra surtos elétricos, justamente para que na hora deles serem analisados, o defeito recair sobre um "chipset queimado", um "processador queimado", e que não seria viável reparar porque essa peça não é vendida no mercado brasileiro, e o fabricante ou técnico opta por solução ao seu cliente "substituir a placa", que acaba sendo próximo do valor de um novo, como solução para conserto.
Nesse momento a obsolescência programada acaba ganhando tanto do técnico reparador como do consumidor. Estamos sempre estudando e nos aperfeiçoando para reparar placas, e recorrendo a importação de alguns componentes mais complexos, mas a indústria nem sempre facilita os processos de reparação, mas estamos aí, ganhando algumas batalhas e outras não, mas não desistimos de dar alguma solução ao cliente, e esse sim estudará se será viável ou não a ele.
Devido a isso, muito lixo eletrônico é gerado no mundo todo. Quantas TVs, celulares, notebooks, e outros eletroeletrônicos são condenados e descartados, prejudicando a natureza?
Quanto não se gasta para se manter atualizado dentro das tendências tecnoloógicas, que o mundo nos impõe?
Será que precisamos realmente estar sendo guiados pela indústria marketeira?
Aqui na assistência sempre recomendamos os clientes que se os seus equipamentos ainda estiverem atendendo as suas necessidades, reparem eles, atualizem com mais memória, SSD, reparem telas, troquem baterias, enfim, dê uma sobrevida e não caia no apelo de marketing das empresas. Utilize seu equipamento com as melhorias implementadas e os reparos feitos, isso vai te trazer economia, em vista de comprar um novo por impulso de marketing persuasivo.
E as indústrias de equipamentos "baratinhos"? Essas lançam produtos a todo momento, parece uma coleção "primavera-verão" de notebooks, celulares. É barato! Mas a durabilidade é pequena, alguns quebram ainda dentro da garantia, e gera uma dor de cabeça danada ao consumidor.
Sempre dizemos para evitar marcas "baratinhas", mesmo se lançarem algo que parece ser bom, e creia, só tem beleza, mas tem vida útil baixa, e índice baixo de reparos, por não existir peças disponíveis para técnicos reparadores "não autorizados", ou melhor "especializados", aí você fica na mão daquela marca, esperando que eles façam alguma coisa, ou te entregam um equipamento "reparado" dentro da "garantia", ou com muito custo, condenam e te dão um "ressarcimento" para comprar outro (de preferência deles).
Aliás, o que tem de reclamação de consumidores sobre a fragilidade dos equipamentos novos, tem dado o que falar, quantas reclamações na internet, ações de procons, mas parece que as marcas não aprendem, e tratam o consumidor muito mal, suportes fracos, deixam a desejar.
Usuários, sejamos inteligentes, optem pelo reparo dos seus equipamentos caso eles ainda lhe atendam, e verá que eles ainda lhes serão úteis por muitos anos. O mercado dita regras consumistas, tendências de que se você está atualizado conforme eles determinam, você não vai ter problemas... Será? É mais um conto do vigário da obsolescência programada, que já tem data para seu próximo "upgrade". E ai? Vai cair nessa?
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